SÍTIO ARQUEOLÓGICO SERROTE DO LETREIRO – A PARAÍBA QUE ENCANTA O MUNDO DA ARQUEOLOGIA

Jonas do Nascimento dos Santos – https://paraibacriativa.com.br/artista/sitio-arqueologico-serrote-do-letreiro/

Localização: Sousa-PB

Classificação: arqueológico e paleontológico                                                  

Período Geológico: Cretáceo (145 a 65 milhões de anos atrás)                                              

Instituição: Serviço Geológico do Brasil – SGB-RM                                              

o: lado leste da estrada Lagoa-Pereiros (800 m da sede da fazenda Lagoa dos Estrela)             

Área: 10.000 m²

O Patrimônio Arqueológico brasileiro conta agora com um bem de valor único: o Sítio do Serrote do Letreiro, no Vale dos Dinossauros, em Sousa, sertão da Paraíba. Trata-se do primeiro sítio no mundo em que foram encontradas pegadas fossilizadas de dinossauros em afinidade com a arte rupestre de povos pré-coloniais, criada milhões de anos depois da existência daqueles animais, o que indica que essas populações reconheceram esses registros fósseis e os assimilaram em seus desenhos e sua expressão simbólica.

A descoberta foi publicada em março de 2024 na revista científica internacional Scientific Report, do portfólio Nature, em artigo dos arqueólogos Heloísa Bitú e Leonardo Troiano e dos paleontólogos Aline Chilardi e Tituo Aureliano, e levou ao recente recadastramento do sítio pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).  Os sítios arqueológicos já são legalmente protegidos pela Lei 3.924/61, mas a inclusão de informações sobre estes bens no Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão (SICG) é fundamental para que o Iphan tome conhecimento do bem e realize a sua gestão. 

O Instituto pode tomar ações próprias para a sua preservação, como a fiscalização do bem, o monitoramento do seu estado de conservação, indicação de medidas para sua proteção e, eventualmente, sua restauração. E realizar também sua socialização, como a exploração turística e a extroversão, aproximando o bem arqueológico e a sociedade.

Nas palavras de Larissa Araújo, arqueóloga do Iphan na Paraíba, a raridade do sítio faz com que ele ocupe destaque internacional e aumenta a importância de que seja garantida sua integridade, na medida em que é um testemunho excepcional da ocupação da região do sertão paraibano e das relações culturais dos grupos entre si e com o ambiente ao redor. O Iphan zela  pela proteção e pela garantia de preservação desse bem para gerações futuras. A pesquisa destaca o interesse e a apropriação de registros fósseis por aquelas populações, e isso milhares de anos antes da formação dos campos científicos da paleontologia e da arqueologia em sociedades europeias.

No Serrote do Letreiro foram registradas pegadas de dinossauros terópodes, saurópodes e ornitópodes de aproximadamente 140 milhões de anos atrás. Destes, os vestígios dos dois primeiros grupos foram encontrados lado a lado com as artes rupestres dos povos pré-coloniais, jamais sobrepostas pelos desenhos e sem que tenham sofrido qualquer alteração por parte daquela população.

Para os autores do artigo, ainda que não tivesse a compreensão do que haviam sido os dinossauros, extintos milhões de anos antes, aquele agrupamento humano percebeu tais marcas como pegadas e com elas interagiu de modo intencional, possivelmente por suas semelhanças formais com as das emas – maior ave do Brasil.

O significado das gravuras ainda é desconhecido. Os povos indígenas da região observaram essas pegadas fossilizadas e entenderam, à sua maneira, que eram importantes de alguma forma, se não, não teriam dedicado tempo, energia e recursos na criação desta arte rupestre em pleno sertão paraibano, tese reforçada pela arqueóloga pesquisadora Heloísa Bitú, da Fundação Casa Grande. Tais achados confirmam que os povos indígenas antigos produziram conhecimento a respeito dos fósseis e desconstroem a narrativa que tira a legitimidade dos saberes e das descobertas feitas pelos povos americanos pré-coloniais, tratados como não científicos.

Fontes:

https://auniao.pb.gov.br/noticias/caderno_paraiba/sitio-une-arte-rupestre-a-pegadas-fossilizadas

A EMA, SÍMBOLO HISTÓRICO DO RIO GRANDE DO NORTE COLONIAL

Olavo de Medeiros Filho – Historiador.

Revista O Potiguar, n° 07, agosto/setembro de 1998, página 11.

A ema povoa os campos e cerrados do Brasil. A referida ave apresenta o dorso de coloração bruno-cinzenta, mais clara na parte inferior, possuindo três dedos nos pés. Vivendo em bandos de cerca de 50 animais, a ema alimenta-se de frutas e grãos, além de devorar animais de pequeno porte. Cabe aos machos a tarefa de chocar os ovos. Chegando a atingir 1.30m de altura, a ema alcança alta velocidade, ao correr.

A ema que habita o nordeste brasileiro, pertence à espécie Rhea amencana (Linn)edelajá dava notícia o cientista alemão Jorge Marcgrave, em sua História Natural do Brasil, editada no ano de 1648. Os indígenas tupis davam à referida ave, a denomição de Nhanduguaçu.

Ainda, segundo Marcgrave, a ema “é encontrada em grande número nos campos da Capitania de Sergipe e Rio Grande, mas não em Pernambuco; sua carne é boa para se comer…”

No ano de 1638, encontrando-se o Nordeste sob o domínio holandês, o conde João Maurício de Nassau criou para cada província do Brasil holândes, o seu respectivo brasão. Segundo descrição feita por Gaspar Barléu (história dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil), a província do Rio Grande “tinha por armas um rio, em cujas margens pisava uma ema, por ser ali maior a abundância dessa ave”. Os referidos brasões foram gravados por escultores holandeses, em sinetes de prata.

Existe também uma outra descrição do brasão concedido ao Rio Grande: “Em campo azul com a ema ao natural, à margem de um rio de prata e a estrela mural. Mote: Velociter”.

Infelizmente, os bandos de ema, outrora tão encontrados na paisagem norte-rio-grandense, desapareceram deixando apenas a sua vivaz memória junto à tradição popular…

Quando será que tomaremos a encontrar a presença das Rhea Americanas, vagando pelos nossos sertões?….

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