PRÁTICAS ANTIGAS DE HIGIENE QUE SÃO EXATAMENTE O OPOSTO DE LIMPEZA

Raios-X eram usados para depilação

Hoje em dia, quando as pessoas querem que seus pelos sejam removidos, elas geralmente optam por vários métodos como o uso de lâmina, cera e tratamentos a laser. Mas esses métodos nem sempre estiveram disponíveis, então o que as pessoas faziam anos atrás? A resposta é: raios-X! No início de 1900, os raios-X eram usados como meio de depilação. Você se sentaria na frente do equipamento de raios-X e terminaria em poucos minutos. Mal sabiam eles o quão prejudicial era a radiação.

As pessoas não conheciam os efeitos nocivos que os raios-X causavam, como úlceras e câncer induzidos pela radiação. Isso faz você se perguntar o que as pessoas estão fazendo hoje em dia que será considerado horrível em algumas décadas.

Os anos 1700 foram há muito, muito tempo atrás e tinham algumas práticas de beleza bizarras e repulsivas. Enquanto hoje as pessoas usam principalmente produtos de maquiagem como lápis e pós para preencher as sobrancelhas, as mulheres do século XVII tinham algo muito diferente: muitas usavam adesivos feitos de peles de rato como sobrancelhas. Esses adesivos eram considerados incrivelmente elegantes e bonitos, mas no mundo de hoje, isso é considerado nojento e assustador.

Esses adesivos faciais eram feitos para dar a impressão de sobrancelhas perfeitas completas mas, em última análise, servem como um lembrete de como algumas das coisas que as pessoas do ado faziam eram desagradáveis.

Depois de comer alho ou talvez beber uma xícara de café, você pode querer refrescar o hálito. O que você busca? Muito provavelmente um enxaguante bucal que contém um pouco de álcool e aromatizante de hortelã. Mas na verdade havia um tipo muito diferente de enxaguante bucal popular no século XVIII que continha xixi, porque a amônia também atua como um desinfetante. O uso deste tipo de enxaguante bucal pode ser rastreado até os tempos romanos.

Diziam que este enxaguante bucal limpava a boca e clareava os dentes. Quem diria que a urina poderia ter tantos usos nojentos?

Quando alguém morre nos dias de hoje, seu corpo geralmente é cremado ou colocado em um caixão, mas houve um tempo em que as pessoas mergulhavam os cadáveres em mel. Esse processo, chamado de melificação, essencialmente transformava um ser humano em uma múmia coberta de mel. O corpo seria colocado em um caixão embebido em mel e durava por até cem anos. Mas a pior parte é que às vezes as pessoas o comeriam.

Aparentemente, a mistura de humanos de 100 anos embebidos em mel deveria ser incrivelmente curativa. As pessoas acreditavam que a combinação poderia curar doenças e consertar membros quebrados.

Houve um tempo em que as pessoas iam todas juntas ao banheiro, completamente expostas. O local tornou-se até mesmo um ponto de encontro para conversar e socializar. Também não havia papel higiênico naquela época, então eles usavam coisas como palitos embrulhados em pano e mergulhados em água ou até mesmo folhas. Isso soa doloroso, estranho e bastante insalubre no mundo de hoje. Embora hoje as pessoas ainda usem o banheiro juntas em lugares públicos, pelo menos existem divisórias para tornar a experiência mais privada.

No geral, a configuração do banheiro romano dificilmente poderia ser considerada higiênica pelos padrões de hoje. E se você fosse o responsável por sua limpeza, sua vida seria horrível.

Nos dias vitorianos, as mulheres consumiam giz de verdade. Não porque era algo saboroso, mas sim porque era conhecido por tornar os lábios brancos, o que aparentemente era uma tendência de beleza na época. As mulheres até espalhavam o pó de giz em seus rostos: quanto mais pálidas elas parecessem, melhor. No entanto, essas mulheres vitorianas não sabiam que seus produtos de beleza eram altamente viciantes e até venenosos. A beleza realmente era uma dor para elas.

Felizmente, essa tendência acabou morrendo quando os efeitos colaterais foram trazidos à atenção das pessoas. Mas não demoraria muito para que a próxima coisa grosseira ou venenosa surgisse.

Olhando para trás no tempo, não há dúvida de que a higiene pessoal, os tratamentos médicos e as escolhas de beleza das pessoas eram totalmente repugnantes. Outra prática grosseira dos anos 1700 tem a ver com a maneira como estilizavam os cabelos. Era altamente elegante para as pessoas usarem seus cabelos com muito volume. Mas como elas conseguiam esse penteado? O cabelo permanecia no lugar com a ajuda de uma pomada, geralmente feita de banha de porco ou de ovelha.

Elas espalhavam a banha de porco no cabelo, semelhante ao gel de cabelo moderno, e avam dias sem lavá-lo, atraindo insetos e liberando um odor fétido.

A era elisabetana foi uma época cheia de técnicas de beleza bizarras e, quando se trata de cabelo, a lista de práticas grosseiras é interminável. Quando as mulheres daquela época queriam clarear o cabelo, elas precisavam de algo com amônia. Por que? Bem, a amônia atua como um agente de branqueamento que ilumina as madeixas. Mas o que continha amônia naquela época? A urina. O bom e velho xixi.

As mulheres encharcavam o cabelo com xixi apenas para conseguirem uma cor mais clara, que simplesmente soa absurdo atualmente. As distâncias que as pessoas percorriam pela beleza eram surpreendentes.

No mundo moderno, muitas vezes somos encorajados a clarear os dentes, pois isso é um sinal de limpeza. No entanto, nem sempre foi assim. Na verdade, era popular nos países do Sudeste Asiático e no Japão tingir os dentes de preto. Embora possa parecer assustador para a maioria das pessoas, elas usavam uma substância semelhante a um esmalte que deveria preservar os dentes e impedi-los de apodrecer. Acreditava-se até ser extremamente bonito.

Embora essa prática quase não exista mais, em alguns lugares esse costume continua em uso. Os padrões de beleza ocidentais chamariam isso de tabu.

Normalmente a visão de um castelo é de tirar o fôlego, e o fosso que o rodeia parece ser um pequeno lago sereno e bonito. Mas há um segredo que a maioria das pessoas não sabe: os fossos que cercavam os castelos não estavam apenas cheios de água. Era prática comum despejar dejetos humanos na água, transformando-a efetivamente em um esgoto. Isso resultava em fossos com um cheiro horrível que você preferiria evitar a todo custo.

Não havia drenagem adequada ou sistema de esgoto durante os tempos medievais, então os fossos faziam esse trabalho. Os empregados também despejavam comida e lixo neles.

Nos anos 1500, a sífilis, uma doença sexualmente transmissível, surgiu em toda a Inglaterra, e seus efeitos colaterais eram cruéis. As pessoas experimentavam feridas, cegueira, demência e até mesmo perda de cabelo extrema. Muitas tinham vergonha de terem ficado carecas, então o uso das perucas popularizou. Luís XIV chegou a contratar 48 pessoas diferentes cuja especialidade era a confecção de perucas, e isso se tornou a mais nova moda. As perucas consistiam em cabelo humano e, às vezes, de cavalos e cabras.

As perucas poderiam servir a múltiplos propósitos: esconder os efeitos da sífilis e da calvície, e servir como um símbolo do pertencimento à classe alta.

Quando as pessoas ricas perdiam os dentes, elas tinham a opção de substituí-los por próteses dentárias. Mas não apenas uma prótese regular qualquer, mas sim feitas de dentes reais. Nos anos 1800, elas foram apelidadas de “dentes de Waterloo” porque a maioria dos dentes dos soldados mortos na Batalha de Waterloo foram usados. Era um processo bastante horrível: as pessoas andavam pela cena da batalha e colhiam dentes dos cadáveres dos soldados e depois os vendiam.

Dentaduras com dentes reais, pertencentes a soldados mortos, no entanto, são perturbadoras e assustadoras de se pensar hoje em dia. No entanto, os ricos da época não tinham nenhum problema em usá-las.

Muitas pessoas ostentam sua riqueza com mansões gigantescas, carros esportivos de luxo, joias caras e roupas de grife. Mas você acreditaria que houve um tempo em que um sinal de riqueza era ter dentes podres? Acredite ou não, dentes podres eram populares e serviam como símbolo de status, pois significava que a pessoa consumia açúcar. O açúcar era uma mercadoria cara e rara que tinha que ser importada, e as pessoas comuns não podiam pagar por ele.

A rainha Elizabeth I era conhecida por sofrer de dentes podres, e as pessoas de classe baixa começaram a manchar as suas gengivas e dentes para imitar a sua aparência.

Os engraxates estavam por toda parte durante toda a era vitoriana. Muitas vezes você os via com um pequeno bloco para você colocar seu sapato que eles poliam, limpando toda a sujeira da rua fazendo-os parecer novos. No entanto, a graxa de sapato mais popular e ível usada era um produto químico forte: o nitrobenzeno, que poderia causar sérios problemas de saúde, especialmente após exposição repetida.

O nitrobenzeno era tão venenoso, que podia fazer com que as pessoas desmaiassem e, para quem trabalhava diariamente com ele, podia levar à morte – um preço considerável a pagar por sapatos limpos.

A sífilis foi difundida em 1500, e os médicos descobriram o que pensavam que seria a cura. Dosar as pessoas com mercúrio parecia fazer o truque. Os pacientes seriam esfregados com pomada de mercúrio várias vezes ao dia, apesar dos intensos efeitos colaterais. O tratamento duraria anos. No entanto, era conhecido por causar úlceras, perda de dentes e insuficiência renal. O tratamento com mercúrio sozinho poderia matar os pacientes antes que a doença o fizesse.

É uma loucura pensar que antigamente era considerado como se fosse uma boa ideia o uso do mercúrio para se livrar de uma doença geral. Dá para ficar pior do que isso?

Hoje não é incomum que as pessoas acordem e se dirijam direto ao banheiro para escovar os dentes, geralmente usando pasta e escova de dente. No entanto, os antigos gregos e romanos usavam ossos esmagados, carvão e cérebros de ratos para limpar os dentes. Isso mesmo, cérebros de ratos. Embora repulsiva e assustadora para uma pessoa moderna, esta era uma prática comum usada por muitos quase diariamente como uma forma de higiene dental.

Essa descoberta só leva ao pensamento de que não há dúvida de que o hálito daquelas pessoas devia ser inável. Esta é uma prática de higiene que nunca mais deve voltar.

Era uma prática comum usar sanguessugas para tratar várias condições médicas. Havia uma obsessão com esses vermes sugadores de sangue, que seriam mantidos em frascos e vistos como a ferramenta médica mais confiável e valiosa. As sanguessugas eram colocadas na pele de um paciente e deixadas para sugar o seu sangue por longos períodos de tempo. Aparentemente, isso livraria a pessoa do sangue contaminado e, portanto, libertaria a pessoa da doença.

Os médicos muitas vezes prescreviam sanguessugas como tratamento. No entanto, hoje em dia isso é conhecido por causar mais mal do que bem. Aqueles tempos eram muito sombrios, e as suas práticas bizarras parecem nunca acabar.

O parto é uma experiência intensa e dolorosa, mas durante a Idade Média era um pesadelo. Era muito comum que as mulheres morressem durante o processo, embora as parteiras fizessem tudo o que pudessem para aliviar a dor. Uma prática desta época que se acreditava ajudar era esfregar uma mistura de fezes de águia e água de rosas nas coxas da mulher, pois acreditavam que isso aliviaria qualquer dor e ajudaria o parto a ocorrer sem problemas.

É difícil acreditar que qualquer um desses métodos realmente funcionava como pretendido. O pensamento de esterco de águia espalhado pelas pernas soa muito nojento.

Ao longo da história, os médicos tinham uma crença generalizada de que as dores de dente eram o resultado de um verme roendo os dentes. Obviamente, os médicos do ado não entendiam muito sobre cáries e, em vez disso, confiavam em suas superstições. Eles compilaram muitos tratamentos para combater esses minúsculos vermes dentários. Um tratamento consistia em encher a boca com a fumaça de um cigarro ou de uma vela que em seguida seria cuspida em uma tigela de água morna.

Dizia-se que esta era a única maneira de se livrar dos vermes dos dentes. Pelo bem de seus dentes, fique feliz por viver no século XXI com a medicina moderna.

Você já acordou no meio da noite com um súbito desejo de ir ao banheiro? Séculos atrás, eles tinham uma solução para isso. As pessoas mantinham potes perto de suas camas e os usavam durante toda a noite. E então, de manhã, você o despejaria. Ou se você tivesse sorte, seus servos o esvaziariam para você, e você nunca veria nada. Não muito sanitário, mas bastante conveniente.

Se os potes de urina e fezes ficassem debaixo da cama por horas a fio, o cheiro ficaria incrivelmente desagradável. No entanto, essas práticas de higiene só pioram.

Você deixaria um barbeiro ou cabeleireiro arrancar seus dentes? Essa parece ser uma pergunta estranha, certo? Bem, era comum há centenas de anos ter esses serviços feitos no mesmo lugar. Os barbeiros eram vistos como capazes de realizar diferentes ofícios e realizavam pequenas cirurgias. Eles cortavam o cabelo, arrancavam dentes em decomposição e até aplicavam sanguessugas para tratar doenças. É tão estranho que esses serviços fossem feitos no mesmo lugar.

Mas novamente, a maioria das práticas daqueles tempos não faz sentido para a pessoa moderna. Então, quanto mais estranho pode ficar?

Os antigos gregos e romanos tinham um amor pela planta Silphium. Eles a usavam para tratar muitas doenças como cáries dentárias, mordidas, inchaços, e até mesmo como uma forma de controle de natalidade. Muitas mulheres bebiam uma mistura desta erva, alegando que era um afrodisíaco. Os romanos aram a amar tanto esta planta, que ela acabou extinta. Provavelmente isso foi uma coisa boa, no entanto, uma vez que esse não era um método adequado para o controle de natalidade.

Teorizou-se que a forma da semente da amada planta parecia um coração, o que inspirou a forma usada na moeda romana.

Lavar suas roupas geralmente consiste em jogá-las em uma máquina de lavar com um pouco de sabão e deixá-la fazer todo o trabalho. Se você tiver sorte, também tem uma secadora e suas roupas são lavadas, secas e limpas em poucas horas. No entanto, houve um tempo em que as pessoas limpavam suas roupas à mão e as encharcavam com urina envelhecida. A amônia na urina tiraria quaisquer manchas presentes na roupa.

Embora isso pareça nojento, era a maneira mais eficaz de limpar roupas na época. Apenas fique feliz por isso ser uma coisa do ado.

Pentear o cabelo faz parte da rotina diária da maioria das pessoas, mas em 1800, a maioria dos pentes e escovas eram feitos de marfim. Isso os tornava iníveis inicialmente, porque o marfim era muito caro e, no início dos anos 1900, uma alternativa foi criada. Os pentes começaram a ser produzidos com um material chamado celuloide. Só que havia um grande problema com esses novos pentes: eles pegavam fogo e explodiam com frequência.

O celuloide nem precisava ser tocado por uma chama para pegar fogo. Se estivesse perto de uma fonte de calor, entraria em combustão. Infelizmente, algumas pessoas morreram enquanto penteavam suas barbas ou cabelos.

Todo mundo pode atestar que uma das coisas mais irritantes é quando uma mosca fica te circulando e zumbindo no seu ouvido. Os faraós egípcios não eram estranhos a isso, mas chegaram a uma solução, embora estranha e ligeiramente grosseira. A fim de manter as moscas e outros insetos longe do Faraó, seus servos teriam que ar mel em todo o corpo. Isso atrairia todos os insetos para eles, mantendo-os longe de seu governante.

Esta solução pegajosa funcionava, mas devia ser absolutamente inável. Os servos provavelmente ficavam pegajosos por dias e os banhos, como você os conhece hoje, ainda não existiam.

Os anos 1500 foram uma época estranha, cheia de práticas preocupantes. E quando se trata de controle de natalidade para mulheres, não é surpresa que as técnicas usadas eram inacreditáveis. As mulheres bebiam uma poção tão horrível, que apenas ouvir sobre ela fará seu estômago revirar. A bebida era uma mistura de luar com testículos moídos de castor. É uma triste e perturbadora realidade que estas eram as medidas que as mulheres tinham que usar para evitar a gravidez.

Embora você possa ficar em dúvida se esse método realmente funcionava, é bom saber que as alternativas modernas não incluem partes do corpo de um pobre castor.

Conversar com alguém da era vitoriana devia ser difícil por conta dos cheiros. Escovar os dentes não era muito comum e, considerando que mesmo quando as pessoas o faziam elas usavam urina, ervas queimadas e vinho, é difícil imaginar que cheiravam bem. Muitas vezes elas usavam uma combinação de ervas queimadas como alecrim ou até mesmo vinho gargarejado como enxaguante bucal. Não há como alguém se sentir revigorado depois disso, então a prática é bastante intrigante.

Parece que a maioria das práticas de higiene que as pessoas usavam no ado fazia mais mal do que bem. Felizmente, temos a pasta de dente hoje em dia.

A vida na Idade Média parecia desconfortável e bastante repugnante. Como absorventes e tampões ainda não tinham sido inventados, as mulheres tinham que improvisar sempre que menstruavam, usando algo que se assemelhava a roupas íntimas forradas com trapos. Se fossem particularmente pobres, os trapos eram encharcados de musgo para absorver o sangue. Não é uma experiência divertida, sanitária ou reconfortante. As mulheres que viveram durante esse tempo devem ter sido muito infelizes.

As mulheres medievais não tinham o luxo de ir à farmácia para comprar absorventes ou tampões. Seus métodos de sobrevivência eram necessários, porém, infelizmente terríveis.

As pessoas de 1800 não tinham preocupação ou medo de germes e bactérias. Quando se tratava de realizar qualquer tipo de cirurgia, os médicos nunca esterilizavam as ferramentas usadas. Isso não foi sequer um conceito trazido à atenção das pessoas até o final do século. Isso colocava as pessoas em alto risco de infecção, porque os mesmos instrumentos não limpos eram usados de pessoa para pessoa e podiam muito bem espalhar doenças potenciais.

Se isso não fosse assustador o suficiente, também não havia um anestésico decente, então quando você era cortado, você sentia a dor do corte. Realmente algo saído de um filme de terror.

As mulheres sempre compram produtos diferentes para melhorar as suas aparências. Os padrões de beleza estão mudando constantemente, mas inevitavelmente sempre visam as mulheres, e os séculos 16 e 17 não foram diferentes. Uma tendência da época era ter pupilas grandes e dilatadas e bochechas rosadas puramente para fins estéticos, mesmo que a única maneira de conseguir isso fosse comendo uma planta muito venenosa chamada beladona. Os efeitos colaterais eram horríveis, mas, novamente, a beleza dói.

As mulheres arriscariam sofrer dos efeitos colaterais graves da ingestão desta planta como insuficiência cardíaca, alucinações, úlceras e dor de estômago severa. Valia a pena?

A calvície de padrão masculino é experimentada no mundo inteiro. No entanto, pode fazer com que muitos sintam vergonha com a perda de cabelo. No século XVI, a busca por uma solução começou e as coisas que as pessoas inventavam eram perturbadoras. Para aqueles que não gostavam de usar uma peruca, uma solução que pudesse ser aplicada à cabeça careca era a próxima melhor aposta. Você consegue adivinhar qual era a mistura que eles inventaram?

Eles achavam que uma mistura de excrementos de frango e potássio misturados e aplicados como loção em sua cabeça estimularia o crescimento do cabelo, embora isso nunca tenha realmente dado certo.

Quando as mulheres não têm o ao controle de natalidade, as soluções podem se tornar perigosas. As mulheres eram frequentemente usadas como cobaias para testar se várias substâncias funcionavam ou causavam algum efeito colateral. Neste caso, Lysol, uma solução desinfetante de limpeza, foi anunciada como efetiva. O controle de natalidade nos Estados Unidos não era legal, mas os anúncios para este produto promoviam seu uso como um salvador para a gravidez e todos os outros problemas de higiene feminina.

Como você pode ter adivinhado, o desinfetante agressivo não era bem sucedido ou seguro para ser usado nas regiões íntimas. Apenas o pensamento pode causar arrepios na espinha.

A rainha Elizabeth I era conhecida por ostentar uma aparência não natural e muitas vezes usava maquiagem à base de chumbo para parecer extremamente branca. Durante essa época, a pele pálida era muito popular e muitos a copiaram, esforçando-se para replicar sua pele pálida. O ato de ar chumbo na cara para conseguir isso era muito comum e incrivelmente ruim para a saúde. Acredita-se até que a rainha Elizabeth acabou morrendo de envenenamento por chumbo.

Muitos pensavam que a rainha cobria seu rosto com este pó facial feito de chumbo para cobrir cicatrizes de varíola e manchas. Em última análise, aqui está outro exemplo de beleza que causava dor, ou neste caso, morte.

Como você se sentiria se toda vez que fosse tomar banho, usasse uma grande piscina com todos os seus amigos? Meio estranho, né? Bem, na Idade Média isso não era algo incomum. Os balneários eram uma maneira comum de se limpar e socializar. Claramente, as pessoas que viveram durante esse tempo tinham visões distorcidas de limpeza. Sentar em uma piscina quente cheia de sujeira não parece uma ótima ideia.

Talvez até seja divertido tomar banho com um grupo de amigos, mas ter um banho privado é muito melhor. Não há exagero quando se diz que a higiene naquela época era essencialmente inexistente.

Pisos de junco foram populares durante toda a Idade Média até o século XVI. Era uma combinação de ervas e gramíneas compactadas e espalhadas pelo chão como um tapete. Seu objetivo era fornecer isolamento e encher as casas com uma fragrância doce. Infelizmente, também eram um terreno fértil para bactérias e insetos. Na maioria das vezes, tinham resíduos animais e restos de alimentos e bebidas.

A camada superior seria trocada semi-regularmente, mas era comum apenas jogar grama fresca no topo, deixando a camada inferior imunda. Podia levar décadas até que fosse devidamente removido e substituído.

Como todos sabemos, perder muito sangue pode levar à morte. Então, nos velhos tempos, as pessoas tinham que descobrir maneiras de parar o sangramento de ferimentos graves antes que as vítimas sangrassem e morressem. A solução era cauterizar as feridas usando um pedaço de metal segurado sobre um fogo para que estivesse fervendo. No entanto, as queimaduras causadas por isso eram tão intensas, que se a pessoa não morresse pela perda de sangue, morreria da dor da cauterização.

Esta era soa como pura dor, nojo e horror. Se já houve um momento para sermos gratos por vivermos com as invenções modernas, é agora.

É surpresa que as pessoas cheirassem mal durante a era vitoriana? Certamente, seres humanos têm odores corporais independentemente do período em que vivem ou viveram, mas com a falta de práticas adequadas de higiene, as cidades cheiravam absolutamente mal. Uma maneira de combater isso era carregando buquês de flores perfumadas. Dessa forma, você poderia andar e cheirar as flores o dia todo sempre que sentisse algum cheiro ruim. O que acontecia com bastante frequência, como você pode imaginar.

Especialmente em um dia quente, a cidade estaria cheia de cheiros pútridos que poderiam ser absolutamente ináveis, por isso, se você tinha algo para cheirar como flores ou um lenço perfumado, você era uma pessoa de sorte.

É bastante sabido que antigamente as pessoas não comiam com utensílios, e em muitas partes do mundo, até hoje esta é uma prática comum. Mas isso é particularmente nojento porque as pessoas da Idade Média não estavam interessadas em lavar as mãos. Portanto, quando comiam sem utensílios, comiam com as mãos cheias de bactérias e germes. Parece apetitoso, não?

Apenas tente não pensar muito sobre as mãos cobertas de sujeira não lavadas alcançando pratos comuns de comida. Os tempos medievais eram realmente sombrios.

Hoje as sardas são vistas como charmosas e bonitas. Mas houve um tempo em que as pessoas pensavam que eram feias e as comparavam a verrugas e manchas. Portanto, era uma prática comum tentar livrar o rosto usando enxofre. Esta não é a primeira vez que as pessoas colocaram produtos estranhos em seus rostos na esperança de atender a algum padrão de beleza. Felizmente, sardas não são algo que as pessoas queiram remover hoje em dia.

Esfregar enxofre na pele é uma maneira fácil de se queimar, por isso, se aquelas pessoas já não estivessem sofrendo o suficiente, adicione essa prática estranha à lista.

O envenenamento por chumbo era um destino comum para os antigos romanos. Seu principal suprimento de água ava por canos feitos de chumbo, por isso não é surpresa que a exposição constante os deixasse muito doentes. As consequências dessa exposição repetida levavam a coisas como náuseas, infertilidade, dor de estômago e até morte. Apesar dos efeitos horríveis, eles continuaram a usar chumbo porque era incrivelmente barato e ível – apenas outra coisa para adicionar à lista das práticas antigas e mortais.

A conveniência da água corrente provavelmente superou qualquer outro fator durante esse tempo. Mais uma vez, outra razão para sermos gratos pelas práticas modernas.

UMA PEQUENA HISTÓRIA DOS RESTAURANTES DE NATAL E O “ACAPULCO” DE RÔMULO MAIORANA

Rostand Medeiros – Escritor e Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.

Quando a Segunda Guerra terminou os comerciantes de Natal perceberam que logo os tempos de fartura proporcionado pela presença das tropas norte-americanas na cidade, com muitos dólares nos bolsos e nas mãos, chegaria ao fim. Fato que efetivamente aconteceu quando os últimos gringos partiram em 1947.

Oficiais militares brasileiros e possíveis técnicos americanos norte-americanos, no restaurante do Grande Hotel – Foto – Life Magazine

Mas muitos setores da cadeia produtiva da cidade aproveitaram a circulação dessa gente por aqui, principalmente o de bares e restaurantes. Que nutria expectativas positivas em relação ao futuro, pois nessa época Natal havia chegando aos 100.000 habitantes.

Apesar de todo esse movimento e otimismo, ao analisarmos os antigos jornais percebemos um elevado número de reclamações dos frequentadores dos restaurantes locais.

Lugares Para se Comer, dar Tiros e Brigar

No velho bairro da Ribeira existia um local que para alguns era apenas um café, para outros um restaurante, mas o certo é que no final da década de 1940 o “Cova da Onça” era um dos pontos mais tradicionais da cidade. Com bons quinze anos de funcionamento, ficava localizado na Avenida Tavares de Lira, bem próximo ao Rio Potengi, sendo um ambiente muito ligado às questões políticas da cidade. Basicamente era frequentado por homens, sendo também “um ponto de intercâmbio da grei intelectual da terra”, como certa vez comentou o escritor natalense Francisco Amorim.

Mas na década de 1930, como muita coisa que se relacionava com a política local era motivo para extremas violências, o “Cova da Onça” também teve seu momento de medo e tensão.

Na manhã do dia 29 de outubro de 1935 estava deixando Natal o bacharel em Direito Mário Leopoldo Pereira da Câmara, que desde 2 de agosto de 1933 exercia a interventoria federal no Poder Executivo do Rio Grande do Norte. Seu governo foi marcado por muitas obras, mas também por despotismo, radicalismo, extremismo e violência, até que a oposição local manobrou para lhe apear do poder e Getúlio Vargas o chamou de volta ao Rio de Janeiro.

Nesse dia Mário Câmara se dirigiu ao cais da Avenida Tavares de Lira para embarcar em um hidroavião da empresa aérea Sindicato Condor, sendo seu carro acompanhado por um grande número de membros da Guarda Civil, órgão de segurança pública criado por ele anos antes. Justamente ao ar em frente ao “Cova da Onça”, os adversários cobriram na vaia o ex-interventor e os membros dessa força policial. Diante da afronta esse pessoal armado não contou conversa e, em meio a tensão reinante, sacaram de suas armas e mandaram bala em direção ao restaurante. Na confusão teve até padre de Parabélum na mão, que abriu fogo contra outros cristãos. Por milagre, só quatro ficaram feridos.

Não está acreditando que na bela e tão decantada Natal do ado existiam esses arroubos de violência política? Então veja essa foto acima, de uma das páginas do processo aberto sobre os fatos ocorridos naquele dia, com o depoimento do comerciante José Mesquita.

Voltando aos restaurantes…

Nesse final da década de 1940, quando a Ribeira era muito frequentada e o transporte ferroviário tinha uma atuação muito intensa, com linhas de trens chegando ao distante interior potiguar, dentro da Estação Ferroviária da Central, na Praça Augusto Severo, existia o “Restaurante Café-Central”, com serviço de bar e restaurante, onde se destacava um farto almoço e um gostoso “Café Expresso” para o público que embarcava e desembarcava dos vagões.

Área do Grande Ponto, no centro de Natal, em 1941 – Foto – Life Magazine

Nesse período o principal restaurante da cidade ficava na esquina das ruas João Pessoa e Princesa Isabel, no centro da cidade e pertinho da área conhecida pelos natalenses como Grande Ponto. O local se dividia entre restaurante e sorveteria e se chamava “Cruzeiro”, pertencendo a Afonso China, tendo a parte operacional ficado a cargo de Francisco de Assis Bezerra. Essa casa abriu em fevereiro de 1945, onde ali aconteceram muitos eventos importantes do “Grand Monde” da cidade.

Pertinho dali existia o “Bar e Restaurante Grande Ponto”, do qual consegui poucas informações. As mais relevantes foram duas e que nada comentaram sobre questões gastronômicas. Em maio de 1947, provavelmente por razões ligadas à política, os bacharéis de Direito Romildo Fernandes Gurgel e João Medeiros Filho saíram no bofete dentro desse local. Um ano depois estavam respondendo ao competente processo, que seguia tendo à frente o promotor Aderson Dutra Lisboa. A bronca judicial, como era normal, não deu em nada, mas o restaurante palco do pugilato de tão nobres figuras foi logo posto à venda [1].

Tempos depois um articulista desconhecido reclamou que esse local deixou de ser um restaurante para se tornar um salão de bilhar e sinuca e que tal fato também tinha acontecido anteriormente com uma popular sorveteria chamada “Rio Branco”, na avenida homônima, que deixou de vender gelados para se tornar um salão de esporte de tacos e bolas [2].

Havia o “Restaurante Rinder Bar”, também conhecido como “Restaurante de Areia Preta”, localizado na praia do mesmo nome, que tinha boa comida, principalmente frutos do mar. Mas naquela época o lugar era considerado tão longe da cidade que em maio de 1946, quando ali foi organizado um jantar para homenagear o Sr. José Anselmo, novo diretor dos Correios e Telégrafos, foi necessário disponibilizarem um ônibus no Grande Ponto para levar os convidados [3].

Na Rua João Pessoa, número 118, funcionava o “Restaurante Dois Amigos”, vizinho ao “Taco de Ouro” (outro bilhar), creio que na área da atual Praça Kennedy, antiga Praça das Cocadas. Era pequeno, mas muito conceituado e tinha ótima comida, sendo muito bem frequentado.

Segundo me informou o amigo Vidalvo Silvino da Costa, o querido Dadá, empresário de sucesso, proprietário da renomada Cachaça Samanaú e grande referência da cidade seridoense de Caicó, seu irmão Ridalvo Costa, Desembargador Federal da 5ª Região, frequentou quando jovem o Restaurante Dois Amigos e lembrou algumas coisas interessantes sobre esse local.

Apesar do nome do estabelecimento, havia uma sociedade que envolvia três seridoenses. Dois deles eram os irmãos Neo e Eustáquio, donos da camisaria União e naturais da cidade de Parelhas, e Antônio Alves da Costa, cunhado dos dois irmãos e tio de Ridalvo e Dadá. Para Ridalvo o Restaurante Dois Amigos foi o primeiro que ele conheceu. Possuía mesas pequenas com toalhas brancas, serviam pães em rodelas, acompanhados de manteiga em pequenos recipientes de vidro. Ele comentou que nunca tinha visto manteiga de lata e nem camarão, mas viu e degustou essas novidades no Dois Amigos.

Foto – Coleção Eduardo Alexandre Garcia.

Na antiga Praça Pio X, onde hoje se ergue a Catedral de Natal, existia um restaurante, ou uma peixada, bem no meio da praça e que tinha uma arquitetura bem peculiar, sendo o prédio conhecido como “avião”. Era pequeno e aparentemente muito simples, mas existem inúmeras referências de encontros sociais e recepção de ilustres visitantes neste local. Como não tinha nada melhor pelo preço cobrado, levavam para esse mesmo. O lugar era conhecido nessa época como “Restaurante da Praça Pio X”, ou “Restaurante Noturno”, pois como a praça não tinha árvores e o calor era grande durante o dia, ele só abria a noite. Também encontrei referências que chamavam o local como “Peixada do Gabriel”. E como tudo nesse estabelecimento se ligava a Igreja, ele deixou a Pio X em 1955 e abriu suas portas na Praça Padre João Maria [4].

Muitas Reclamações

De maneira geral era isso que havia para degustar em Natal, com certo nível de qualidade. Mas quando lemos a quantidade de críticas sobre os restaurantes na urbe, percebemos que a situação era um tanto complicada nesse setor.

E críticas sobre essa questão vinham de todos os lados!

Começamos pelo Mestre Luís da Câmara Cascudo, que em uma “Acta Diurna” denominada “Natal precisa de cardápio…”, afirmava que Natal precisava “ter o direito de conquistar um cardápio brasileiro” e que era “preciso estabelecer dias certos para os pratos nacionais e divulgar na imprensa quais são esses dias”. O ilustre escritor, no alto dos seus conhecimentos sobre a alimentação no Brasil, afirmou que essa ideia não se tratava de “modificar o paladar, mas de ampliar os conhecimentos culinários e degustativos do cidadão natalense”.

Ele não reclamava de uma alguma possível invasão de comida yankee nos pratos natalenses, mas da “uniformização dos cardápios” existente nos restaurantes locais. Para ele isso era uma “catástrofe”. O interessante é que o exemplo que Cascudo apresenta para essa uniformização, ainda vemos a rodo nos “PFs” da vida. – “Fatalmente encontramos os mesmos pratos, com o mesmo arroz embolado e o mesmo falso churrasco com farinha amarela”.

Foto atual do restaurante “Farrta Brutus”, em Lisboa, comentado em 1948 por Câmara Cascudo como um exemplo de restaurante a ser seguido em Natal – Fonte – https://www.tripadvisor.com.br/Restaurant_Review-g189158-d983771-Reviews-Farta_Brutos-Lisbon_Lisbon_District_Central_Portugal.html.

Como referência do que poderia ser feito em Natal, Cascudo comentou que, através de informações que recebeu de oficiais norte-americanos servindo na capital potiguar, conheceu em Lisboa um restaurante maravilhoso. O lugar se chamava “Farta Brutus”, era muito bem recomendado por não abrir mão da tradicional culinária lusitana, com muita variedade e alta qualidade do que era oferecido [5].

O interessante é que o “Farta Brutus” ainda funciona no mesmo local desde 1904, mais precisamente no Bairro Alto, Travessa da Espera, número 20. Atende com a mesma proposta do ado, mantendo a mesma qualidade e atraindo uma clientela fiel. Entre estes o escritor português José Saramago, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1998 e falecido em 2010, que tinha até uma mesa preferida no salão principal da casa [6].

Uns dois meses antes de Cascudo publicar essa “Acta Diurna”, no mesmo texto que um autor desconhecido reclamou da transformação do restaurante “Grande Ponto” em salão de sinuca, ele realizou uma severa crítica sobre os restaurantes de Natal. E o cidadão “rasgou o verbo”.

Afirmou que apesar de existirem muitos bares e restaurantes na cidade, nenhum deles “estava à altura do nosso progresso”. Reclamou da apresentação de pratos e talheres nesses estabelecimentos, onde existiam “xícaras de beira tiradas” e lamentava o “descuido” com a conservação desses lugares. Já as cozinhas normalmente estavam abertas, mas não primavam pela limpeza. Com uma péssima impressão em relação ao asseio [7].

Um outro articulista, sem declinar o nome, não reclamou da questão do estilo dos pratos preparados, ou da conservação e limpeza dos restaurantes, mas chiou com os preços altos e o péssimo atendimento. Afirmou que comer fora em Natal no ano de 1948 era caro, talvez “a cidade no Brasil onde se paga muito pela alimentação e a que pior serve”.

Essa pessoa comentou essa questão no momento em que Natal perdia alguns voos internacionais que aqui realizavam suas paradas para reabastecimento, embarque e desembarque de ageiros. Como nessa época a questão da autonomia e velocidade dos aviões de transporte não contava com as vantagens tecnológicas dos dias atuais, muitas das aeronaves dessas empresas realizavam paradas de algumas horas em Parnamirim e seus ageiros pernoitavam em Natal. Pernoitavam mal e comiam pior! [8].

Uma charge publicada no Diário de Natal em 1949, sobre a situação dos restaurantes em Natal.

Em meio a essas situações, a cidade oferecia a possibilidade de sucesso para um empreendedor que tivesse a iniciativa de abrir um bom restaurante.

Uma Família de Italianos Que Aprendeu Que em Natal “Se Paga 20, Para não Ver o Outro Ganhar 10”

Provavelmente após o fim da Segunda Guerra, talvez em 1946, foi quando Francisco Maiorana veio junto com sua família para a capital potiguar, oriundos de Recife, Pernambuco. Na realidade seu nome era sco, mas aqui teve o nome abrasileirado para Francisco. Acredito que nasceu no final do Século XIX, ou nos primeiros anos do Século XX. Era oriundo do sul da Itália, da cidade de Totora, região da Calábria, província de Cosenza [9].

Em Recife ele era conhecido como “comerciante”, sendo casado com Angelina Chiappetta Miorana, que provavelmente também nasceu no sul da Itália. Eles tinham um filho de nome Rômulo Elégio Dario Severo Miorana Chiappetta, nascido em Recife no dia 20 de outubro de 1922. Sabemos que Rômulo tinha um irmão chamado Francisco (ou sco?), que se formou em economia, mas dele não obtive maiores informações.

Descobrimos também que esse casal de italianos morava na região da Várzea, zona oeste de Recife [10]. Inclusive para corroborar a localização onde vivia essa família, existe uma notícia de 1928 informando que Rômulo Maiorana, quando tinha apenas seis anos de idade, se destacou nos quesitos de “comportamento e aplicação”, no curso infantil do Colégio Oratório da Divina Providência, no bairro da Várzea, comandado na época pelas irmãs Magdalena e Veronica [11].

Os jornais não esclarecem qual era a atividade comercial que Francisco realizava, mas trazem bastante informações sobre a movimentada e respeitada “Escola de Corte e Alta Costura de Mademoiselle Angelina Maiorana”, que funcionava no primeiro andar do número 76, na Praça do Mercado São José, também conhecida como Praça Dom Vital, vizinho a Basílica da Penha [12]. E o negócio andava tão bem que encontrei a informação que Dona Angelina e o jovem Rômulo, então com 16 anos, partiram de Recife no transatlântico Oceania, em direção ao porto de Nápoles, Itália [13].

Provavelmente foi nesse momento que Rômulo ficou na Itália para estudar e foi envolvido pela participação desse país na Segunda Guerra. Ele foi incorporado ao exército de Mussolini, mas ficou na retaguarda, com a função de datilógrafo. Já sua família ou por dificuldades no Brasil.

Segundo uma notícia do jornal recifense Diário da Manhã, de 21 de agosto de 1942, Francisco Maiorana foi preso em Maceió, Alagoas, juntamente com outros oito homens, todos acusados de serem “Súditos do Eixo”, ou seja, simpatizantes do nazifascismo. Não sei se pesou nessa decisão o fato do seu filho se encontrar na Itália, envergando o uniforme do exército desse país.  

O certo é que em agosto de 1942 Francisco Maiorana esbarrou com o bacharel em Direito Ari Boto Pitombo, um dos mais severos e duros homens da lei em Alagoas durante o período da Ditadura Vargas.

Consta que após os afundamentos dos navios brasileiros nas costas dos estados de Sergipe e da Bahia, que levaram à morte de mais de 500 pessoas, o Dr. Pitombo mandou encarcerar mais de 30 “súditos dos países totalitários” e colocou esse pessoal todo para trabalhar de enxada na mão, abrindo valas nos bairros de Maceió para o “Serviço da Malária” e sob guarda fortemente armada [14].

Alemães e italianos presos e no trabalho forçado em Maceió.

Não sabemos a razão de Francisco Maiorana ficar preso na “Terra dos Marechais”, mas é importante ressaltar que em nossa pesquisa nos jornais disponíveis no Arquivo Nacional e na Biblioteca Nacional, não encontrei a menor referência que ele tenha atentado contra a integridade da nação brasileira em Estado de Guerra.

Tudo indica que para ele e sua família a situação foi muito pesada. Com o fim da Segunda Guerra e o retorno do seu filho Rômulo da Europa, eles decidiram se mudar para Natal.

Na capital potiguar Francisco Maiorana abriu as portas de um comércio na Rua Princesa Isabel e o batizou de “Casa Vesúvio”. O nome era em alusão ao Monte Vesúvio, um dos mais ativos e perigosos vulcões do mundo, que fascina os italianos do sul, fica a poucos quilômetros do centro da cidade de Nápoles e a cerca de 200 km ao norte de Totora.

Os Maiorana trabalhavam bastante no seu comércio, vendendo roupas, perfumarias, miudezas, bicicletas, plásticos, rádios valvulados, brinquedos e muito mais. Era uma típica loja daquelas “tem de tudo” e por preços em conta. Mas eu percebi que conforme os Maiorana cresciam, aqueles italianos começaram a incomodar.

Foto – Coleção Eduardo Alexandre Garcia.

Infelizmente Natal é uma cidade conhecida pela inveja e mau-caratismo para com os comerciantes que crescem trabalhando. Tanto que por aqui se criou uma expressão onde se diz que “fulano paga 20, para não ver o outro ganhar 10”. E logo os Maiorana aprenderam essa lição!

Uma pessoa que se identificou apenas como “Um leitor”, escreveu no jornal católico natalense A Ordem, que os proprietários da “Casa Vesúvio” não respeitavam do descanso dominical, trabalhando nesses dias e que durante a semana só fechavam o estabelecimento após as 19 horas e assim desrespeitavam a “legislação municipal” [15].

Eu não descobri se os Maiorana pagavam corretamente aos seus funcionários por horários extras, mas não encontrei reclamações desses trabalhadores junto ao Sindicato dos Comerciários, que era bem ativo e forte nesse período. E vale frisar que a reclamação desse dito “Um leitor”, em nenhum momento comentou qualquer preocupação com a situação dos trabalhadores de Francisco Maiorana.

Centro de NatalFoto – Coleção Eduardo Alexandre Garcia.

O certo é que um ano depois esse mesmo jornal divulgava, até com destaque, que a “Casa Vesúvio” havia ofertado “10 saquinhos de pipocas” para um sorteio do “Suplemento do Boletim Católico”, a página infantil publicada semanalmente pelo jornal. Não sei se os Maiorana continuaram abrindo nos horários e dias que geraram a reclamação, mas o certo é que não surgiram mais publicações negativas para a “Casa Vesúvio” nesse jornal [16].

É fácil perceber que a firma dos Maiorana teve um crescimento e ascensão muito rápido na capital potiguar no final da década de 1940. Daí, quem começa a surgir nas páginas dos jornais é Rômulo, que se aproximava dos 30 anos de idade.

Esquina das ruas João Pessoa e Princesa Isabel, no centro de Natal, onde funcionou o restaurante “Acapulco” – Foto – Google Street Wiel

Três situações parecem ficar patentes em relação a Rômulo e sua convivência com Natal e sua gente – A sua paixão pelo carnaval, pelo América Futebol Clube e por cultivar bons relacionamentos e amizades. Talvez por essas razões (e outras que desconheço) ele decidiu abrir nos primeiros meses de 1950 um tipo de negócio que estava bastante carente em Natal – Um restaurante com um elevado padrão de qualidade.

O “Acapulco”

Aproveitando que o restaurante “O Cruzeiro” havia fechado na esquina das ruas Princesa Isabel com João Pessoa, Rômulo Maiorana negociou o ponto. No dia 30 de março de 1950, uma quinta-feira, abriu um novo restaurante que ele denominou “Acapulco”.

Consta que ele se aliou com um húngaro chamado Zoltan Fried, que havia deixado a cidade de Kisvárda em 1946, certamente quando começou a perceber que o seu país caminhava para se transformar na República Popular da Hungria, fato que efetivamente aconteceu em 18 de agosto de 1949. Aparentemente ele procurou refúgio na Itália, pois morava na cidade de Florença, na Via Pandolfini, número 27. Em 21 de outubro de 1946 conseguiu o visto no Consulado do Brasil em Livorno e veio para o nosso país. Certamente esse húngaro chegou em Natal após ter tido algum nível de contato com Rômulo na Itália.

Em Natal já existiam locais que ofereciam um “chá das cinco”, até bombonieres e charutarias bem sortidas. O que aparentemente o “Acapulco” trouxe de diferente foi reunir tudo isso em um único local junto ao atendimento implementado pelo húngaro Zoltan.

Os dois sócios começaram a oferecer sistema de “delivery”, além de quase 50 pratos diferentes, com destaque para o “Filé Acapulco”, e mais de 30 tipos de sobremesas. Eles tinham uma adega bem sortida com vinhos portugueses, ses, italianos, chilenos e nacionais. Logo a classe política se fez presente no restaurante “Acapulco”, conforme podemos ver na nota abaixo.

Além dos políticos, os jornalistas eram frequentadores habituais do local. Uma noite Aderbal de França, o conhecido cronista “Danilo”, chegou acompanhado de Veríssimo de Melo e Waldemar Araújo. Gostaram do que viram, do que comeram e “Danilo não economizou nos comentários positivos ao restaurante – “Convenhamos que numa cidade onde praticamente não existem hotéis e as casas de pasto primam sempre pelo péssimo serviço que oferecem e pela mais absoluta falta de higiene, um restaurante e quem se esforça por servir bem a clientela tem o direito de sobrevivência”.

“Danilo” também comentou que no “Acapulco” foram todos muito bem atendidos por Rômulo Maiorana, que colocou um garçom chamado Menezes, que os frequentes fregueses do meio político acharam de chamá-lo de “Senador” [17]. 

O “Acapulco” se tornou a nova coqueluche de Natal e começou a ser frequentado até pelos artistas de renome nacional e internacional que vinham se apresentar na cidade.

Um ano depois de inaugurado chegaram ao restaurante as cantoras paulistas Hebe Camargo e Lolita Rodrigues, acompanhadas do cantor italiano Ernesto Pietro Bonino. Esse trio realizou três noites de apresentações no palco da Rádio Poti de Natal, a ZYB-5, com grande sucesso de público [18]. Mas, segundo os jornais locais, foi a cantora Ademilde Fonseca, potiguar de São Gonçalo do Amarante e conhecida como “Rainha do Chorinho”, que verdadeiramente roubou a cena. Ademilde morava no Rio de Janeiro desde 1941, sendo a primeira cantora nordestina a encantar o país com esse gênero gracioso, brejeiro e bastante difícil de ser cantado.

Logo o “Acapulco” se tornou o ponto de referência dos artistas locais. Em 28 de janeiro 1952 o teatrólogo Inácio de Meira Pires lançou uma peça chamada “Alguém chorou a perdida“, escrita por Jaime dos G. Wanderley. Meira Pires se apresentou sozinho, interpretando os dramas do personagem “Evaldo”, que ele apontou como sendo “um homem só, com o seu desespero”. A apresentação foi um sucesso, sendo o cenário e o cartaz criações do pintor Newton Navarro.

Depois da apresentação Meira Pires, Wanderley, Navarro e Celso da Silveira, que contribuiu para a apresentação teatral, chegaram por volta das 23 horas no “Acapulco” para comemorar. O jantar contou com a participação de várias personalidades, como Aldo Cavet, Diretor do Serviço Nacional de Teatro, que veio do Rio de Janeiro para o lançamento. Além dele políticos da terra como Aluízio Alves e seu irmão Garibaldi estiveram presentes. Otoniel Menezes, apresentado pelos jornais como “príncipe da poesia potiguar”, declamou versos no “Acapulco” que foram apreciados por todos.

No Pará

Apesar do sucesso do empreendimento, ainda em 1952 Rômulo Maiorana deixou a sociedade desse restaurante e logo se mudou para o norte do país, para a cidade de Belém, no Pará. Não descobri a razão para isso!

Rômulo Maiorana

Lá ele esteve envolvido em vários negócios comerciais e se tornou dono de um jornal chamado “O Liberal” e anos depois criou o “Grupo Liberal”, que atualmente é o maior grupo de comunicação do estado do Pará e o 9.º maior grupo de comunicação do Brasil.

Nos jornais potiguares estão registradas várias visitas de Rômulo Maiorana a Natal e em várias ocasiões ele recebeu os muitos amigos natalenses que estiveram em Belém. Como foi o caso de Aderbal de França, que lá esteve em 1957 e lembrou essa visita anos depois [19]. 

Apesar de Rômulo Maiorana ser um homem de jornalismo muito respeitado no norte do país, ter muitos amigos em Natal e manter boas relações com os órgãos de imprensa do Rio Grande do Norte, quando ele faleceu aos 63 anos, no dia 22 de abril de 1986, me causou estranheza ter sido publicado praticamente nada sobre esse fato. 

Rômulo Maiorana conseguiu muito sucesso na área de comunicação no Pará.

Se não fosse seu amigo Mozart de Almeida Romano ter mandado rezar uma missa de sétimo dia pelo seu falecimento e o jornalista Vicente Serejo ter publicado uma nota sobre essa missa na sua coluna “Cena Urbana”, do jornal dominical O Poti (ed. 27/04/1986), muita gente em Natal desconheceria sobre o seu amento. 

Atualmente uma rua no Conjunto Morada Nova, no bairro de Felipe Camarão, homenageia o jornalista Rômulo Maiorana.

NOTAS


[1] Ver Diário de Natal, edições de 14/03/1948, domingo, p. 12 e 11/04/1948, domingo, p. 7.

[2] Ver Diário de Natal, ed. 05/08/1948, sexta-feira, p. 3.

[3] Ver A Ordem, Natal-RN, ed. 01/03/1946, terça-feira, p. 4.

[4] Ver Diário de Natal, edição de 17/02/1950, sexta-feira, p. 6. e o jornal O Poti, 02/12/1955, sexta-feira, p. 3.

[5] Ver Diário de Natal, ed. 02/07/1948, sexta-feira, p. 2.

[6] Sobre o Restaurante “Farta Brutus” de Lisboa, ver – https://www.tripadvisor.com.br/Restaurant_Review-g189158-d983771-Reviews-Farta_Brutos-Lisbon_Lisbon_District_Central_Portugal.html

[7] Ver Diário de Natal, ed. 05/08/1948, sexta-feira, p. 3.

[8] Ver Diário de Natal, ed. 10/08/1948, terça-feira, p. 4. 

[9] Ver Diário de Natal, ed. 21/11/1972, terça-feira, p. 8. Existe uma outra informação, não confirmada, de que Francisco seria da cidade de Aieta, ao sul de Totora.

[10] Ver Diário de Pernambuco, ed. 31/12/1930, quarta-feira, p. 3.

[11] Ver Diário de Pernambuco, ed. 05/12/1928, quarta-feira, p. 4.

[12] Ver Diário da Manhã, Recife-PE, ed. 07/02/1937, domingo, p. 3.

[13] Ver Diário da Manhã, Recife-PE, ed. 09/01/1938, domingo, p. 4.

[14] Ver jornal Diretrizes, Rio de Janeiro, ed. 14/01/1943, quinta-feira, pág. 9 e https://www.historiadealagotokdehistoria-br.noticiasdaparaiba.com.br/ari-pitombo-getulista-e-lider-trabalhista.html

[15] Ver A Ordem, Natal-RN, ed. 21/03/1947, sexta-feira, p. 4.

[16] Ver A Ordem, Natal-RN, ed. 13/04/1948, terça-feira, p. 3.

[17] Ver Diário de Natal, ed. 23/15/1950, terça-feira, p. 5.

[18] Ver Diário de Natal, ed. 17/04/1951, terça-feira, p. 6.

[19] Ver Diário de Natal, ed. 13/09/1963, sexta-feira, p. 4.