DOS FUNDADORES DO SERIDÓ PORTUGUÊS

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Serra da Rajada, Seridó Potiguar – Fonte – Rostand Medeiros

Autor – Fernando Antonio Bezerra – Potiguar do Seridó. Iniciante no ofício de escrever sobre fatos e personalidades do Seridó amado. É advogado e membro do Instituto de Genealogia do Rio Grande do Norte.

Fonte – http://www.substantivoplural.com.br/87364-2/

José Augusto Bezerra de Medeiros, além de político, foi um grande pesquisador a respeito das coisas do Seridó. Felizmente deixou vários apontamentos impressos que servem de pesquisa e, de fato, ajudam a estabelecer o elo entre o presente e o ado. De início, confirmando outros tantos estudos já feitos, José Augusto comenta que “na zona do Seridó, por exemplo, certo e seguro é afirmar que todo movimento povoador decorreu da necessidade de encontrar espaço para a localização de fazendas de criação de gado”. Acrescenta, ainda, que, durante algum tempo, foi o Rio Grande do Norte o principal fornecedor de carne bovina para as Capitanias da Paraíba e Pernambuco. Presente, portanto, desde o início, nossa vocação para a pecuária e, de certa forma, o longo aprendizado que nos permite, mesmo diante de secas inclementes, criar e manter rebanhos bovinos no Seridó que a gente ama.

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Fonte – http://www.elo7.com.br/brasao-da-familia-medeiros/dp/3A367E

E os primeiros grandes núcleos familiares se estabeleceram, em regra, em função da pecuária. José Augusto menciona o que chama de fundadores das primeiras famílias do Seridó: 1) Araújo, com Tomaz de Araújo Pereira e Maria da Conceição Mendonça; 2) Dantas, com Caetano Dantas Correia e Josefa de Araújo Pereira; 3) Medeiros, com Rodrigo de Medeiros e Apolônia Barbosa; Sebastião de Medeiros e Antonia de Morais Valcacer; 4) Galvão, com Cipriano Lopes Galvão e Adriana de Holanda Vasconcelos; 5) Garcia, com Antonio Garcia de Sá e Maria Dorneles Bitencourt; 6) Bezerra, com José Bezerra Menezes e Maria Borges de Sacramento; 7) Monteiro, através de Manuel Pereira Monteiro e Teresa Tavares de Jesus; 8) Nóbrega, com Manuel Alves de Nóbrega e Maria José de Medeiros; 9) Silva, com Francisco Gomes da Silva e Maria Joaquina dos Santos Dantas; 10) Faria, com Joaquim Álvares Gomes de Faria e esposa; 11) Azevedo, com Antonio de Azevedo Maia e Josefa Maria de Almeida; 12) Fernandes, com Cosme Damião Fernandes e Isabel Maria de Araújo Fernandes. Outras famílias – Brito, Álvares, Pires, Alves dos Santos, Batista, Queiroz, Vale, por exemplo – também são antigas no nosso lugar, entretanto, o trabalho de pesquisa de José Augusto não investiga os fundadores dos primeiros núcleos, lacuna que já foi preenchida por outros pesquisadores, sobre os quais em outro momento conversaremos.

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Fonte – http://www.substantivoplural.com.br/87364-2/

De todo modo, particularizando a família Medeiros, numerosíssima em todo o Seridó, José Augusto reafirma que os irmãos Rodrigo e Sebastião são portugueses e se instalaram na Região, proximidades do Sabugi, nos limites do que hoje é Santa Luzia, na Paraíba. Os irmãos Medeiros conseguiram casamento por aqui com Apolônia e Antônia, irmãs entre si, filhas de Manuel Fernandes Freire e de Antônia de Morais. Uma pesquisa mais aprofundada da Família Medeiros/Dinoá complementa, sem contrariar os apontamentos de José Augusto, que Rodrigo e Sebastião são filhos de Manuel Afonso de Matos, Alferes, e Maria de Medeiros Pimentel, naturais da Ilha de São Miguel, nos Açores, Portugal e, por lá, eram da família Matos. Migraram para o Brasil na primeira metade do século XVIII, aram a usa r o sobrenome Medeiros e deixaram aqui numerosa descendência.

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Os laços e abraços entre as famílias do Seridó são intensos. Por muitos anos, inclusive, a preferência das famílias era o casamento entre parentes. Razões para tanto não faltavam. Desde a preservação do patrimônio até o fato de que a população era menor, os eventos sociais raros, as distâncias maiores, enfim, muitas vezes não existia sequer a oportunidade do encontro entre os jovens. Ademais, de um tempo para frente, o fluxo migratório inverteu, ou seja, deixamos de receber outras famílias. Ao contrário, começamos a sair para outros centros e espalhar o sangue bom do Seridó em lugares como Natal, Recife, Campina Grande, São Paulo e Brasília, dentre outros onde os núcleos seridoenses são mais visíveis. Aliás, é relativamente comum em Natal encontrarmos descendentes de famílias seridoenses em uma mesma roda de conversa e, não raro, um ser parente do outro e não saber. Mas, mesmo não tendo o parentesco próximo, o laço de estima à Região nos une e, ao nos unir, é comum a batida no peito e a palavra de orgulho: ei, mas eu também sou do Seridó!